Histórico
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Desde a sua formação, a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) já quebrava paradigmas. Enquanto várias denominações discutem até hoje se mulheres podem ou não exercer o sacerdócio, uma missionária chamada Aimee Semple McPherson, há 117 anos, enfrentou o machismo e o preconceito da época e montou a IEQ na Califórnia (EUA). Sua audácia é responsável por uma denominação que reúne hoje milhares de crentes em 107 países. No evangelismo – marca registrada da IEQ – também houve inovação.
Após sua fundação no Brasil, os crentes da Quadrangular passaram a viajar por diversas cidades do estado paulista instalando tendas de lona, que eram compradas ou fabricadas na própria igreja
A primeira Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil foi fundada em 15 de novembro de 1951, em São João da Boa Vista – interior de São Paulo –pelo missionário da Foursquare Church Gospel, o pastor americano Harold Edwin Willians, auxiliado pelo pastor peruano Jesus Hermirio Vasquez Ramos. Um ano depois, os crentes passaram a viajar por diversas cidades do estado paulista instalando tendas de lona, que eram compradas ou fabricadas na própria igreja. Também saíam “peregrinando” por capitais importantes, como Vitória e Curitiba, entre outras.
Segundo os pastores da denominação, atualmente sob a liderança do pastor George Russel Falkner, as tendas deram origem a novos núcleos, começando a desenhar o mapa geográfico da Igreja do Evangelho Quadrangular. Os anos 60 e 80 foram marcados pelo evangelismo e pela construção de grandes e belos templos, hoje com um total de 1,3 milhão de membros, de acordo com o Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 1,6 milhão, de acordo com dados da denominação.
A primeira Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil foi fundada em 1951, no interior de São Paulo, pelo missionário Harold Edwin Willians (ao lado da esposa)
Essa forma dinâmica de evangelizar fez com que, em 45 anos, a Igreja do Evangelho Quadrangular tivesse, no ano de 1997, cerca de 5.530 igrejas e obras novas – 2.026 templos, 1.778 salões e 1.726 tabernáculos de madeira – além de 4 mil congregações e pontos de pregação. Hoje, existem mais de 15 mil igrejas, fora as congregações. Para dar conta desse conglomerado, a denominação dispõe do trabalho de 2.887 ministros, 1.488 aspirantes e 10.648 obreiros credenciados – desse total de 15.023 membros do ministério, 5.951 são mulheres. Trabalham ainda 38 mil diáconos e diaconisas. A fim de preparar seus obreiros e evitar que haja desvirtuamento da doutrina e das bases de fé, a denominação mantém cerca de 40 Institutos Teológicos Médios e 100 outros básicos, que reúnem 4,5 mil alunos e 1,2 mil professores, além de uma escola por correspondência e um curso intensivo para pastores, o CATEP. Todo o material utilizado, além dos livros e outras publicações, é preparado pela Editora e Publicadora Quadrangular George Russell Faulkner, instalada em São Paulo. “Trabalhamos a doutrina para manter a unidade. O nosso lema é: ganhar o perdido a qualquer preço. Isso significa que devemos sacrificar nossa vida para buscar as pessoas”,explicou o teólogo e pastor da IEQ de Belo Horizonte, Joaquim Cantagalli.
Há 117 anos, a denominação surgiu na Califórnia, sendo este um dos templos
No aspecto teológico, a IEQ tem um enfoque profundamente cristocêntrico e é uma das igrejas pentecostais pioneiras do avivamento carismático que aconteceu no início do século 20. Segundo os quadrangulares, a denominação nasceu da vontade do Espírito Santo e não de uma divisão ou cisma de igrejas. A doutrina está calcada em quatro pilares: Jesus salva, Jesus batiza com o Espírito Santo, Ele cura e vai voltar. Daí a palavra quadrangular. Cantagalli ressalta: “Temos uma pregação apaixonada, não apenas por dons, mas também pela obra e pela Palavra. Cremos no poder do Espírito Santo que traz avivamento”.
| SOBRE A FUNDADORA |
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A missionária Aimee Elizabeth Kennedy nasceu em Ingersoll, Ontário, Canadá, em 9 de outubro de 1890, converteu-se aos 17 anos e, com seu marido, o evangelista Robert Semple, seguiu como missionária para a China. Tempos depois, Semple morreu no país oriental e ela teve que retornar aos Estados Unidos. Em 1917, iniciou uma maratona pelos EUA com várias campanhas em diversas cidades do país. Em 1922, durante um culto na cidade de Oakland, de acordo com dados da própria denominação, ela teve uma visão do Evangelho quadrangular, termo que daria nome à igreja que fundaria em janeiro de 1923. O primeiro templo foi Angelus Temple, em Los Angeles, Califórnia. Aimee ainda elaborou a Declaração de Fé, que é a base doutrinária da Igreja do Evangelho Quadrangular. Ela faleceu em setembro de 1944. Seu filho Rolf McPherson assumiu a presidência da igreja, que hoje é exercida pelo reverendo Paul Risser. Durante seu ministério, Aimee não apenas fundou a Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular e o Angelus Temple, mas também desenvolveu várias frentes de trabalho evangelístico, como a publicação de diversas revistas e periódicos e a criação do Life Bible College e da Torre de Oração – diversas pessoas se revezavam em turnos de duas horas para que houvesse um clamor a Deus 24 horas por dia. |
Ter uma juventude engajada é outra marca da IEQ – em São Paulo, são cerca de 80 mil jovens quadrangulares e, em todo o Brasil, aproximadamente 400 mil, segundo dados do coordenador estadual de jovens de SP, pastor Paulo Venturin. “Sem fugir dos princípios cristãos, sempre buscamos novas estratégias de evangelismo para conquistar os jovens”, destaca Venturin. Entre as inovações estão, por exemplo, a realização de eventos no Playcenter (parque de diversões paulista). No ano passado, um deles reuniu 12 mil jovens.
A preocupação com os menos favorecidos também é uma das características da denominação, que sempre desenvolveu ministérios de assistência social. A fundadora, Aimee Elizabeth Kennedy, alimentou e vestiu cerca de meio milhão de pessoas durante a Depressão e a Segunda Guerra Mundial por meio de várias ações. Atualmente, a denominação tem diversos trabalhos assistenciais em todo o Brasil.